por Flavia Pegorin
Há dois anos, o Instituto Gallup iniciou, nos Estados Unidos, uma pesquisa em grande escala para medir a felicidade dos funcionários e seu desempenho durante uma década. O estudo ainda está em curso, mas os resultados já não se mostram lá muito bonitos. As pesquisas indicam que o descontentamento pessoal é muito comum em muitas empresas hoje em dia. Na verdade, milhões de trabalhadores relatam exercer suas funções em um ambiente extremamente negativo – ou estão apenas “desconectados” do que consideram um trabalho valoroso.
Em outras palavras: os empregados não se mostram apenas infelizes; eles também estão “operando por instrumentos”, sem dar muito de si em um ambiente que consideram ruim. Sim, porque o problema de ter funcionários tristes já é grande, mas certamente é ainda mais perigoso ter empregados que só estão ali fisicamente, sem trazer coração e mente consigo quando entram no local de trabalho. E mais: esse fenômeno custa caro.
O Gallup estima que os empregados que não trabalham “de corpo e alma” dão prejuízos de centenas de milhões de dólares anualmente nos Estados Unidos por acarretarem imensa perda de produtividade. O custo na felicidade dessas pessoas, sem dúvida, é ainda maior. Enfim, é um jogo no qual todo mundo está perdendo.
Líderes são cruciais nas empresas
A culpa, de acordo com a pesquisa em curso, não pode e nem deve ser colocada em um ou outro motivo – as questões são várias. Mas uma coisa é certa: os líderes, dentro das empresas, são cruciais. E precisam saber que um de seus principais trabalhos é obter o melhor desempenho dos membros da equipe.
Como fazer isso quando se é frequentemente soterrado pelo descontentamento e os sentimentos conflitantes dos empregados, aqueles que querem manter o cargo mas estão pra lá de desestimulados? A resposta, de acordo com o instituto, pode ser mais simples do que parece. Os trabalhadores estão implorando por algo que qualquer bom líder deveria poder dar (acredite, não é exatamente dinheiro): reconhecimento.
Pode até dar outros nomes e nuances, se for o caso: consideração; apreciar o que é bem feito; valorização das iniciativas; fazer uma crítica de modo favorável. Para os pesquisadores do Gallup, elogiar ou mostrar algum retorno positivo é extremamente raro na maioria dos locais de trabalho nos dias de hoje. A verdade das avaliações é de arrasar: a maioria dos funcionários entrevistados relatou que receberam reconhecimento zero no ano passado.
Ação de Dia das Mães
Saber que os funcionários precisam de um estímulo é fácil – praticar isso dá um pouco mais de trabalho. Mas tende a compensar. No Brasil, um bom exemplo de reconhecimento aconteceu nas agências do Grupo Newcomm – Y&R, Wunderman, Grey, VML, Labstore, Red Fuse e Ação. Na sexta-feira anterior ao último Dia das Mães, as funcionárias com filhos foram surpreendidas com uma ação interna concebida pela área de Recursos Humanos.
No início da manhã, 128 mamães encontraram, em suas mesas, uma foto dos filhos segurando uma claquete – e, na sequência, um e-mail customizado trazia um link especial: um vídeo produzido com a molecada. Entre a idealização e a execução do projeto, foram quase quatro meses de trabalho.
“Os feedbacks das funcionárias foram carinhosíssimos e nos mostraram que valeu muito a pena”, diz Elise Passamani, diretora de Recursos Humanos e diretora administrativa do Grupo Newcomm. “Consideramos que nossos colaboradores são a razão do nosso sucesso – e que o clima organizacional influencia não só nos resultados dos negócios como também no ‘índice’ de felicidade dos colaboradores, que mapeamos em uma pesquisa anual. Consideramos fundamental influenciar positivamente o ambiente para alcançar resultados melhores, ter baixo turnover e pessoas comprometidas”, completa.
A verdade é que os líderes – e não apenas aqueles que conduzem dezenas de trabalhadores, mas qualquer pessoa que tenha um estagiário e pretende ser um líder de fato – poderiam mudar a situação mostrada pela pesquisa americana com ações até mais modestas, coisa de dia-a-dia. Simon Reynolds, especialista em formação de lideranças em ambientes de trabalho, escreveu um artigo recente para a revista Forbes dos EUA elencando três técnicas para mostrar apreço ao seu pessoal e tirar o melhor deles. Muito simples e ligeiro, na realidade:
1. Siga a regra do “três-para-um”
Reynolds ensina que os líderes deveriam usar a proporção de três interações positivas para cada uma negativa ao atuar junto aos membros da equipe. Funcionários mais felizes têm melhor desempenho, então é imperativo dar o retorno positivo tanto quanto possível – e mais que o negativo.
2. Entre no escritório sempre com uma atitude positiva
Quando o líder não esteve com a equipe por várias horas, deve se certificar reentrar em sua área de modo determinado, otimista e totalmente presente – pelo menos nos primeiros minutos, que seja. Os primeiros momentos são críticos (quando todo mundo quer ver “a cara que o chefe está”), daí a necessidade de ser assertivo. Isso cria um ambiente menos tenso.
3. Elogie em público
Quando mostrar reconhecimento por alguém, tente fazer isso na frente dos outros. Isso torna o retorno muito mais valioso – e geralmente motiva os demais funcionários também. Fazer do reconhecimento aos outros uma parte central de seu estilo de liderança com certeza renderá funcionários mais felizes e produtivos, projetando sucesso em cadeia.
Fonte: Vagas.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente e Compartilhe com seus amigos!