por Paula Abreu
Krishna Das fala que nascer no Ocidente é uma bênção esquisita. Por um lado, é maravilhoso viver onde as nossas necessidades básicas são facilmente conseguidas. Mas, por outro lado, pagamos um preço interno muito alto por esse conforto material.
Estou na Ásia há três semanas e a cada dia que passa vejo o quanto isso é verdade. Tanto no Cambodia quanto na Tailândia, tive a oportunidade de estar em vilarejos muito pobres, onde as pessoas são destituídas mesmo do mais básico, quanto mais dos confortos materiais a que nós ocidentais estamos acostumados e aos quais normalmente damos pouco ou nenhum valor.
(Há dois dias visitei um vilarejo em Pai, no norte da Tailândia, onde o maior presente que se pode levar para os locas é uma caneta. Uma. Caneta.)
Depois de ter longas conversas com muitas dessas pessoas, posso dizer: elas são felizes. A falta de coisas materiais não as abala como abalaria a mim e provavelmente a você também. É apenas uma circunstância. Essas pessoas são ricas em muitas outras coisas que nós, por aqui, na maioria das vezes não temos, ou temos pouco (tempo livre, serenidade, contato direto com a natureza, uma vida espiritual mais rica).
Nós ocidentais somos programados desde pequenos a nos identificar com as nossas coisas. E, se por algum motivo, não as temos, ou as perdemos, perdemos junto a nossa identidade.
Essa semana, gostaria de lhe fazer um convite. Examine a sua relação com as suas coisas, aquilo que você chama de “meu”. Tem algum objeto em especial que você ficaria muito mal se perdesse ou deixasse de ter por qualquer motivo? Por que? Que parte da sua identidade você está conectando com este objeto? Você realmente deixa de ser você sem ele?
Comece a se questionar mais, o tempo todo, sobre suas coisas.
Se permita ser em vez de ter.
Descubra que você é.
Você simplesmente é.
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