* por Tom Coelho
“Os líderes de
amanhã sabem compartilhar o poder,
a informação e o
compromisso.”
(Flávio Kosminsky)
Uma das maiores dificuldades atuais das empresas está na chamada
retenção de talentos. Após investirem em recrutamento, seleção e treinamento de
seus profissionais, assistem a muitos deles se desligarem seduzidos que são ora
por um salário maior, ora por benefícios, ora pelo status conferido pelo
nome da organização ou pelo título do cargo oferecido.
Acrescente-se a este aspecto a crença propalada, em especial a partir
do ano 2000, de que uma carreira de sucesso constrói-se através de múltiplas
experiências profissionais em diferentes companhias.
Houve um tempo em que o profissional confiável e competente era aquele
que não passava por mais do que uma ou duas empresas até sua aposentadoria.
Hoje isso é visto como sintoma de acomodação, apontando para obsolescência,
aversão ao risco, falta de dinamismo e ambição.
Abomino rótulos, generalizações e paradigmas. Verdades absolutas,
tidas inquestionáveis, que obscurecem o pensamento, turvam a razão. Onde está
escrito que esta rotatividade de empregos é necessária ou mesmo saudável? Por
que não podemos edificar uma carreira auspiciosa atuando em uma mesma
organização, onde conhecemos as pessoas e o ambiente, assimilamos e nos
alinhamos à sua cultura, alcançamos prestígio, além de estabilidade e acúmulos
salariais?
Estamos equivocadamente ensinando aos
nossos jovens que uma carreira sólida demanda promiscuidade corporativa, quando
o que entorpece e definha o profissional é sua estagnação. É parar no
tempo, realizar as mesmas tarefas, deixar de estudar e de aprender. E isso pode
acontecer mesmo pululando de uma empresa para outra.
Para alcançar o topo da hierarquia, o que vale a pena perseguir é a
mobilidade horizontal, conhecendo a companhia integralmente, militando em
diversas áreas, compreendendo a sinergia entre os departamentos. No caso de
empresas de grande porte, há ainda a possibilidade de migrar para filiais ou
outras empresas do grupo, inclusive no exterior. O fato é que enquanto houver
desafios e satisfação pessoal, não há motivos para se mudar de emprego.
Todavia, se a mudança for fruto de decisão madura decorrente de falta
de reconhecimento, clima organizacional desgastado, cabeça batendo no teto ou
por força de proposta irrecusável, assegure-se de que, quando o entusiasmo
arrefecer e a rotina se instalar, a nova empresa não se mostre uma autêntica
“amante argentina”, cerceando sua autonomia, eliminando privilégios e exigindo
o comprometimento que um dia você não pôde ou não soube honrar.
* Tom Coelho é educador, conferencista
e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes
– Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
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