* por Tom Coelho
“Quando você tem
uma meta, o que era um obstáculo
passa a ser uma
etapa de seus planos.”(Gerhard Erich Boehme)
China, 2008. No complexo aquático chamado “Cubo d’água”, todas as
atenções estão voltadas ao norte-americano Michael Phelps que chegou à Olimpíada
de Pequim com a missão de conquistar oito medalhas de ouro numa mesma edição
dos jogos.
Após faturar o primeiro ouro nos 400 m medley, Phelps abre a prova do
revezamento 4x100 m estilo livre para a equipe dos EUA. Contudo, é superado
pelo australiano Eamon Sullivan, entregando a prova para seu companheiro na
segunda colocação.
Garrett Weber-Gale, por sua vez, faz uma prova fantástica, colocando
os EUA na primeira posição após sua passagem. Porém, Cullen Jones tem um
desempenho medíocre, perdendo a liderança para os franceses e permitindo a
aproximação dos australianos.
Jason Lezak é o quarto e último nadador estadunidense a saltar na
piscina. Ele enfrenta o ex-recordista mundial da prova, o francês Alain
Bernard, que já larga com uma vantagem de 59 centésimos de segundo. Após os
primeiros 50 metros de prova, esta distância aumenta para 82 centésimos. Parece
ser o fim do sonho dourado de Phelps. Porém, nos últimos 20 metros, Lezak dá um
sprint inacreditável e supera Bernard em apenas oito centésimos, vencendo
a prova e batendo o recorde mundial.
A cada réveillon temos por hábito planejar uma série de resoluções de
ano novo. Assim, estabelecemos metas as mais diversas. Coisas como cuidar
melhor da alimentação, praticar atividade física com regularidade, trabalhar
com maior afinco e entusiasmo em busca de resultados mais efetivos.
Entretanto, as semanas passam, uma crise econômica se instala, a
desmotivação nos abate e passamos até mesmo a acreditar que todas aquelas metam
não podem mais ser alcançadas porque as adversidades são muitas e o tempo é
curto. O aluno com notas vermelhas desconfia que será reprovado, o vendedor com
baixo índice de negócios tem quase certeza de que será demitido, o atleta com
resultados pífios resigna-se de que será derrotado.
Pois é exatamente neste momento que precisamos promover uma grande
virada. Valorizar o pouco tempo que nos resta, fazendo uso dos recursos
disponíveis para perseguir resultados extraordinários. Há
partidas de futebol que são vencidas nos acréscimos concedidos pelo juiz. Há
concorrências que são vencidas pelo postulante a entregar seu envelope de
oferta no último minuto.
O estudante inteligente perceberá que com dedicação e concentração
poderá passar nos exames finais. O vendedor astuto encontrará na retomada da
economia e nas festas de final de ano a senda para cumprir sua cota. O atleta
psicologicamente bem preparado saberá que as derrotas passadas são apenas
sementes para a maturidade e que a vitória mais importante está no próximo
ponto a ser disputado.
Jason Lezak fez história com um esforço supremo nos últimos instantes
de sua prova. Venceu por uma fração de segundo. Como ele mesmo declarou, sua
preocupação não estava em compensar o tempo de desvantagem que tinha ao assumir
a prova. Também não estava em enfrentar um oponente renomado. Seu único
objetivo era ajudar a sua equipe e fazer o seu melhor.
Agora pergunte a si mesmo: o que já foi feito ao longo deste ano e o
que você ainda pode, deve e irá fazer com os dias que lhe restam antes de mais
uma virada no calendário?
* Tom Coelho é educador, conferencista
e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes
– Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.
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