* por Tom Coelho
“Em uma
empresa, a despesa é sempre uma certeza;
a receita, uma pretensão.”
(Oriovisto Guimarães)
Segundo o mais recente levantamento divulgado
pelo Sebrae-SP, 27% das empresas abertas no Estado de São Paulo encerram suas
atividades antes de completarem um ano de vida. Este índice, também chamado de
taxa de mortalidade empresarial, sobe para 58% no caso das companhias com cinco
anos de fundação.
Esta estatística é um reflexo claro da
baixa competitividade das empresas brasileiras em virtude de diversos
fatores. A baixa produtividade é um
deles, em grande parte uma consequência direta da desqualificação dos
trabalhadores, uma vez que a educação em nosso país é claudicante. Daí decorre
o famigerado “apagão da mão de obra”, exigindo por parte das empresas ações
permanentes de treinamento e desenvolvimento de seus funcionários.
A mesma produtividade é comprometida
também por questões de infraestrutura. Do ponto de vista corporativo,
representado por máquinas e equipamentos obsoletos, além de práticas de gestão
retrógradas. Do ponto de vista macroeconômico, pela ineficiência de rodovias,
ferrovias, portos e aeroportos. No Relatório de Competitividade Global,
elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil caiu do 48º para o 56º lugar dentre
148 países no índice global de competitividade.
Também é preciso considerar o custo
financeiro, que em nosso país é o maior de toda a América Latina, de acordo com
estudo da consultoria Deloitte. Assim, temos um empresariado despreparado,
descapitalizado e que toma recursos no mercado com taxas de juros de até 150%
ao ano!
Mas nada supera a desfaçatez da
estrutura tributária brasileira. O Portal Tributário relaciona 90 diferentes
tributos, entre impostos, taxas e contribuições, cobrados pelas três esferas de
governo, num sistema complexo e oneroso que estimula a informalidade da
economia e não devolve à sociedade os serviços básicos por ela demandados.
Aliado a isso, temos a burocracia. No relatório
anual Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil é o 116º colocado entre 189
países que apresentam melhores condições para empreender. Para iniciar um
projeto são necessários 13 procedimentos em nosso país contra apenas três, em
Singapura. Se apenas um funcionário cuidasse dos
impostos de uma empresa no Brasil, gastaria 2.600 horas, contra 82 horas em
Singapura.
O regime de tributação denominado
Simples Nacional, proposto para, como diz sua própria denominação, simplificar
a vida tributária de um empreendedor, não cumpre com sua prerrogativa básica.
Por exemplo, devido à guerra fiscal, diversos municípios exigem que uma empresa
seja cadastrada localmente apresentando cópias autenticadas de documentos,
comprovação de despesas com telefonia e energia elétrica e até mesmo fotos do
estabelecimento comercial sob pena de retenção de ISS na fonte, numa afronta
direta à legislação federal. Imagine uma empresa ter que adotar tal procedimento
em cada um dos 5570 municípios existentes no país?
Dentro deste contexto, empreender no
Brasil é atribuição de gente corajosa, obstinada, criativa, persistente e...
teimosa! Àqueles que conseguem escapar das estatísticas de mortalidade empresarial,
que o espírito realizador lhes permita celebrar decênios de fundação e que
nossa nação se torne mais amigável aos empreendedores no decorrer dos próximos
anos!
* Tom
Coelho é educador, conferencista e
escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes –
Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011), “Sete
Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” (Saraiva,
2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br.
Visite: www.tomcoelho.com.
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